Economia
ATIVOS BRASILEIROS SOFREM BAQUE COM PREOCUPAÇÃO DO MERCADO SOBRE PERFIL DO BC PÓS-CAMPOS NETO
Na quinta-feira, 9 de maio de 2024, os ativos brasileiros tiveram uma forte queda. A decisão muito dividida do Banco Central sobre o ritmo de corte dos juros na véspera levantou temores no mercado sobre mudanças no perfil da instituição a partir de 2025.
O Banco Central anunciou no início da noite de quarta-feira um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, para 10,50% ao ano, interrompendo sequência de seis reduções seguidas de 0,50 ponto percentual e abandonando sua indicação sobre o futuro dos juros básicos, chamada nos mercados de “guidance”.
De acordo com o comunicado do Copom, a redução de 0,25 ponto foi decidida por cinco votos a quatro, com todos os diretores indicados por Lula defendendo um corte maior. Apoiaram o ritmo aprovado o presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes, todos indicados ou reconduzidos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por corte maior, de 0,50 ponto percentual.
Na esteira da decisão, o dólar saltava 1,3%, a 5,1578 reais na venda, por volta de 12h05 (de Brasília), enquanto o Ibovespa caía 1,4%, a 127.662,51 pontos. No mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs disparavam na curva até janeiro de 2029, com as taxas da ponta mais longa da curva chegando a avançar mais de 20 pontos-base.
Para os mercados, mais do que uma reação à magnitude do corte em si, os preços dos ativos domésticos estão refletindo a indicação de virada iminente no perfil da diretoria do BC, em um momento de grande incerteza no cenário internacional e de preocupações com a política fiscal doméstica.
“Há perspectiva de o balanço dentro do Copom se mover na direção de um colegiado mais expansionista, mais pró-crescimento econômico em detrimento de maior controle da inflação e da estabilidade macro”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos. A decisão do Banco Central e a reação subsequente do mercado destacam a incerteza em torno do futuro da política monetária no Brasil. Com a mudança iminente no perfil da diretoria do BC, os investidores estão atentos às possíveis implicações para a economia brasileira.
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