Brasil
JAIR BOLSONARO DECLARA QUE SERÁ CANDIDATO À PRESIDÊNCIA EM 2026, APESAR DE INELEGIBILADE ATÉ 2030
Na última quarta-feira, dia 16, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu o cenário político ao afirmar que será candidato à Presidência da República em 2026, ignorando o fato de estar inelegível até 2030. A declaração de Bolsonaro veio em resposta às especulações feitas por Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), sobre um possível nome alternativo dentro da base bolsonarista para concorrer no próximo pleito presidencial. Valdemar havia citado o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome preferido caso Bolsonaro não pudesse concorrer.
Bolsonaro encontra-se atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em julho de 2023, ele foi condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022. As acusações estão relacionadas a dois episódios centrais: a utilização da estrutura governamental para influenciar eleitores e a realização de uma reunião com embaixadores estrangeiros em que ele criticou, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro, colocando em xeque a segurança das urnas eletrônicas.
Em um primeiro julgamento, ocorrido no dia 30 de junho de 2023, Bolsonaro foi condenado por abuso de poder político e ficou inelegível até 2030. O TSE considerou que o ex-presidente usou sua posição para difundir desinformação e comprometer a confiança no processo eleitoral. Em setembro, uma nova condenação reforçou essa inelegibilidade, desta vez por conta da divulgação de um vídeo em que vinculava o sistema de votação a fraudes, um movimento considerado como uso indevido dos meios de comunicação.
Essas decisões colocaram em xeque as futuras ambições políticas de Bolsonaro, que, durante seu mandato, consolidou uma base leal de eleitores e manteve sua relevância na oposição ao governo Lula (PT).
Diante da situação jurídica de Bolsonaro, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, começou a ganhar força nos bastidores da direita como uma alternativa para a eleição de 2026. Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro, tem sido apontado como uma figura popular e com perfil técnico, sendo uma possível escolha para a sucessão bolsonarista. O governador tem evitado comentar diretamente sobre sua possível candidatura, mantendo um discurso focado em sua administração estadual.
Valdemar Costa Neto, ao mencionar Tarcísio, indicou que o ex-ministro seria o preferido pelo partido, caso Bolsonaro não possa participar do pleito. Contudo, Valdemar também destacou que o ex-presidente continua sendo a principal liderança da direita no Brasil, deixando em aberto a possibilidade de que o nome de Bolsonaro volte a ser cogitado, dependendo de eventuais mudanças no cenário jurídico.
Apesar da afirmação categórica de que será candidato em 2026, Jair Bolsonaro enfrenta um obstáculo jurídico significativo. A Constituição Federal estabelece regras rígidas quanto à inelegibilidade de políticos condenados por abuso de poder e crimes eleitorais. Para reverter essa situação e viabilizar sua candidatura, seria necessário uma decisão favorável em tribunais superiores, algo que, no momento, parece improvável.
Ainda assim, Bolsonaro tem mantido uma postura desafiadora, frequentemente criticando o judiciário e colocando em dúvida a imparcialidade das decisões que o tornaram inelegível. Em discursos públicos, ele continua a se posicionar como a principal voz de oposição ao governo Lula e insiste em seu retorno ao poder.
A declaração de Bolsonaro, mesmo sob inelegibilidade, gera várias implicações para o cenário político de 2026. De um lado, mostra que o ex-presidente não pretende sair de cena e busca manter-se como o principal líder da direita, o que pode gerar tensões internas dentro do seu próprio grupo, especialmente com figuras como Tarcísio de Freitas. Por outro lado, a sua postura alimenta a base bolsonarista, que continua fiel e mobilizada, especialmente nas redes sociais e em manifestações públicas.
Se Bolsonaro não puder concorrer em 2026, o bolsonarismo precisará decidir qual caminho seguir: apoiar um candidato de continuidade, como Tarcísio de Freitas, ou buscar outra liderança que possa representar os valores defendidos por Bolsonaro. De qualquer forma, o ex-presidente deve permanecer uma figura central, seja diretamente no pleito, ou como cabo eleitoral de peso.
A declaração de Jair Bolsonaro de que será candidato à Presidência em 2026, apesar de sua inelegibilidade, é mais uma evidência de sua determinação em continuar influenciando a política brasileira. Entretanto, as barreiras jurídicas que enfrenta são substanciais, e o futuro de sua participação no pleito dependerá de reviravoltas nos tribunais.
Enquanto isso, o cenário político começa a se moldar com novos nomes, como o de Tarcísio de Freitas, surgindo como possíveis sucessores dentro do movimento conservador. O caminho até 2026 promete ser de intensos debates e disputas internas na direita brasileira.
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