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COMPROMISSO FISCAL É CRUCIAL PARA A CONFIANÇA ECONÔMICA, AFIRMA ECONOMISTA DA CBIC

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O economista Luiz França, representante da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destacou a importância de o governo federal dar sinais claros de compromisso com o equilíbrio fiscal. Em entrevista nesta semana, França ressaltou que políticas fiscais responsáveis são essenciais para restaurar a confiança dos mercados, impulsionar investimentos privados e garantir a sustentabilidade econômica do país no longo prazo.

O comentário ocorre em meio a um cenário de crescente preocupação sobre o aumento do déficit público e a necessidade de financiamento para projetos ambiciosos do governo, incluindo investimentos em infraestrutura e programas sociais.

De acordo com França, sinalizações de compromisso fiscal envolvem a adoção de medidas e políticas que demonstram a intenção de equilibrar receitas e despesas do governo. Isso inclui:
– Controle de gastos públicos: Priorizar despesas essenciais e evitar aumentos descontrolados.
– Reformas estruturais: Promover ajustes na administração pública, como reforma tributária e da Previdência.
– Transparência na execução orçamentária: Tornar claros os objetivos e resultados do uso de recursos públicos.

Essas medidas, segundo o economista, são fundamentais para reduzir o **risco fiscal**, que tem impacto direto na percepção de investidores, na valorização do real e na definição das taxas de juros.

“O mercado precisa enxergar que há uma preocupação real do governo em manter as contas públicas sob controle. Sem isso, o custo do crédito aumenta, as empresas hesitam em investir, e o crescimento do país fica comprometido”, explicou França.

O setor da construção civil, representado pela CBIC, é diretamente afetado pelas políticas fiscais. Como grande consumidor de crédito e impulsionador de empregos, o segmento depende de um ambiente econômico estável para crescer.

França ressaltou que a ausência de compromisso fiscal pode levar a um aumento nas taxas de juros, dificultando o acesso ao financiamento para projetos imobiliários e de infraestrutura. Além disso, a instabilidade fiscal reduz a capacidade do governo de investir em obras públicas, um dos principais motores do setor.

“Sem credibilidade fiscal, o financiamento de obras se torna mais caro e incerto. Isso não apenas prejudica as empresas do setor, mas também limita a geração de empregos e o acesso da população à habitação de qualidade”, afirmou.

O debate sobre responsabilidade fiscal ganha força em um momento em que o Brasil enfrenta desafios significativos nas contas públicas. O déficit nominal do país ultrapassou **R$ 1 trilhão no primeiro semestre de 2024**, e a **dívida pública bruta** segue em trajetória de alta, chegando a mais de 78% do PIB.

Para enfrentar esse cenário, o governo tem apostado em medidas como:
1. Novo Arcabouço Fiscal: Substituindo o teto de gastos, o arcabouço busca impor limites à expansão de despesas, vinculando-as ao crescimento da receita.
2. Reforma tributária: Em fase de aprovação, a proposta busca simplificar o sistema tributário e aumentar a arrecadação de maneira mais eficiente.
3. Captação de recursos externos: Parcerias com investidores internacionais para financiar projetos estratégicos, especialmente em infraestrutura verde e energia renovável.

Apesar das iniciativas, França aponta que ainda há receio no mercado quanto à implementação e eficácia das políticas anunciadas.

Para o economista, a confiança dos mercados depende menos de discursos e mais de ações concretas. Ele destacou que medidas que aumentem previsibilidade e credibilidade são cruciais para atrair investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros.

“Os investidores estão observando de perto. Qualquer sinal de descontrole fiscal afasta capitais do país, aumenta o custo da dívida pública e pressiona ainda mais a inflação e os juros.”

França também alertou para o impacto da instabilidade fiscal sobre o câmbio, já que a desvalorização do real aumenta o custo de insumos importados, pressionando ainda mais os preços no mercado interno.

Outro ponto levantado por França foi a importância do Congresso Nacional na aprovação de medidas que garantam o equilíbrio fiscal. Segundo ele, a aprovação da reforma tributária e de outras legislações complementares será determinante para o sucesso das estratégias do governo.

“É um momento de responsabilidade compartilhada. Governo e Legislativo precisam trabalhar juntos para oferecer ao país um caminho sólido e sustentável”, disse.

Apesar das incertezas, o economista da CBIC demonstrou otimismo moderado. Ele acredita que, com os ajustes certos, o Brasil tem condições de reverter o cenário atual e retomar uma trajetória de crescimento.

Para isso, França enfatizou que é essencial que o governo mantenha o diálogo com o setor privado e implemente políticas que estimulem a confiança, sem abrir mão da responsabilidade fiscal.

“O equilíbrio fiscal não é apenas uma questão técnica; é uma mensagem de compromisso com o futuro do país. É isso que vai garantir um ambiente mais estável e propício para o crescimento econômico.”

O compromisso fiscal é mais do que uma diretriz econômica; é um pilar fundamental para a construção de um ambiente estável e competitivo. À medida que o governo busca alinhar suas políticas às demandas de um cenário econômico desafiador, a confiança dos mercados e o apoio do setor privado serão decisivos para garantir um Brasil mais próspero e sustentável.

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