Brasil
DESCARTE INCORRETO DE RESÍDUOS FAZ DO BRASIL GRANDE IMPORTADOR DE “LIXO”
O Brasil é o quarto maior produtor de resíduos de plástico do mundo. Apesar disso, apenas 23,4% desse tipo de “lixo” é reciclado. A informação é do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) — movimento que reúne empresas de diversos setores.
Menos de um ano após o governo ter aumentado a alíquota de importação para resíduos de papel, plástico e vidro, especialistas avaliam que a medida tem sido insuficiente para frear a compra de “lixo” estrangeiro para reciclagem e uso no Brasil. “A alíquota deveria ser de 100%. Não faz sentido importar plástico, papel e vidro, porque são os materiais mais reciclados pelas cooperativas. Nosso sistema é consolidado há anos, seja na separação, na qualificação ou em outras etapas”, afirma Carlos Alberto Mendes Moraes, membro da Aliança Resíduo Zero Brasil e professor da Unisinos-RS.
Em agosto do ano passado, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) — presidida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — decidiu unificar e elevar para 18% as alíquotas do imposto de importação cobradas sobre a entrada no Brasil de resíduos de papel, plástico e vidro. As alíquotas para resíduos de papel e vidro estavam estabelecidas em zero. Já no caso das importações de resíduos plásticos, a tarifa aplicada era de 11,2%.
Um levantamento feito pelo grupo de trabalho criado para tratar do tema, no âmbito da Presidência da República, indicou crescimento das importações brasileiras desse tipo de resíduos entre 2019 e 2022. Nesse período, as compras externas de lixo em forma de papel e vidro subiram respectivamente 109,4% e 73,3%, ao passo que as operações envolvendo o ingresso no país de resíduos plásticos apresentaram elevação de 7,2%.
No caso do papel comum para reciclagem, o Brasil importou aproximadamente 25 mil toneladas no ano passado. A maior parte vem dos Estados Unidos e do Uruguai, de acordo com o sistema oficial de estatísticas do comércio exterior, o Comex Stat. No caso do vidro, as importações foram realizadas a partir de quatro países em 2023, totalizando quase 21 mil toneladas. E as garrafas e frascos de plástico somaram 110 mil toneladas.
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