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ADEUS À GOTINHA: VACINA INJETÁVEL SUBSTITUI A ORAL NA LUTA CONTRA A POLIOMELITE NO BRASIL
A famosa “gotinha” que, por décadas, simbolizou a vacinação contra a poliomielite no Brasil está com os dias contados. O Ministério da Saúde anunciou que a vacina oral, amplamente usada na campanha de imunização infantil, será substituída pela versão injetável a partir de 2025. A medida visa aumentar a segurança e a eficácia da vacinação, já que a vacina injetável oferece maior proteção e elimina o pequeno risco de efeitos adversos associados à versão oral.
A transição para a vacina injetável representa um marco na erradicação da pólio, doença viral altamente contagiosa que pode causar paralisia infantil e até a morte. Embora o Brasil tenha sido considerado livre da poliomielite desde 1989, a queda nas taxas de vacinação nos últimos anos despertou preocupações de especialistas e das autoridades de saúde quanto a uma possível reintrodução do vírus no país.
A decisão de substituir a vacina oral (VOP) pela vacina injetável (VIP) segue uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e busca garantir maior segurança na imunização. A VOP, apesar de eficaz, usa o vírus atenuado, o que, em raríssimos casos, pode provocar a chamada “poliomielite derivada da vacina”. Esse efeito adverso, embora extremamente raro, pode ocorrer em comunidades com baixa cobertura vacinal, onde o vírus atenuado da vacina oral pode circular e sofrer mutações.
Já a vacina injetável utiliza o vírus inativado, ou seja, completamente morto, eliminando o risco de qualquer forma de poliomielite associada à vacina. “A VIP é uma medida de segurança adicional que reflete o avanço nas estratégias de imunização. Ela garante a proteção de crianças sem o menor risco de reação associada à presença de vírus vivo,” explica o infectologista Dr. Carlos Almeida, especialista em imunizações.
A substituição completa da vacina oral pela injetável será gradual, acompanhada de uma campanha de conscientização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e postos de vacinação de todo o país. O Ministério da Saúde está trabalhando em parceria com secretarias estaduais e municipais para garantir que a mudança ocorra de forma fluida, sem comprometer as taxas de imunização.
Entretanto, a logística da transição apresenta alguns desafios. A vacina injetável exige armazenamento em condições específicas, com controle rigoroso de temperatura e manejo, e a aplicação requer uma equipe preparada para administrar a injeção. Além disso, o custo da VIP é mais alto do que o da vacina oral, o que exige planejamento financeiro e operacional por parte das autoridades de saúde.
Para Carla Pereira, coordenadora de imunização do SUS em São Paulo, a mudança representa uma oportunidade de educar as famílias sobre a importância da vacina: “Sabemos que a vacinação injetável gera receio em alguns pais e nas próprias crianças, mas estamos desenvolvendo campanhas para mostrar que essa transição é para o bem e que a VIP é completamente segura e eficaz”.
A notícia sobre o fim da gotinha gerou repercussão entre pais e cuidadores. Muitos brasileiros se recordam da “gotinha” como símbolo da proteção contra a pólio e ficaram surpresos com a mudança para a versão injetável. Especialistas afirmam, porém, que a VIP oferece uma proteção mais abrangente, mantendo a segurança das crianças e eliminando os riscos raros associados à vacina oral.
Para Fernanda Matos, mãe de duas crianças de 4 e 6 anos, a novidade é bem-vinda, apesar de admitir que sente um “aperto no coração” ao pensar em substituir a tradicional gotinha. “Se é mais segura e ajuda a proteger meus filhos e outras crianças, fico tranquila. Só espero que o governo esteja preparado para essa mudança nos postos de saúde,” comentou Fernanda.
O fim da vacina oral também representa uma mudança simbólica, já que a “gotinha” esteve presente nas campanhas de vacinação desde os anos 1980, se tornando parte da cultura de saúde pública do Brasil. Personagens como o Zé Gotinha foram criados para engajar as crianças, e muitos adultos de hoje ainda lembram com carinho das campanhas que marcaram sua infância.
A substituição da VOP pela VIP já é realidade em muitos países, especialmente aqueles que conseguiram erradicar a poliomielite. A OMS recomenda a transição para a vacina injetável nas nações que controlaram a circulação do vírus selvagem, buscando eliminar qualquer chance de surtos derivados da vacina. Atualmente, apenas dois países, Paquistão e Afeganistão, ainda registram casos de poliomielite causados pelo vírus selvagem.
No Brasil, a transição para a vacina injetável acontece em um momento de preocupação com a queda nas coberturas vacinais. Em 2022, a taxa de imunização contra a pólio entre crianças menores de cinco anos ficou abaixo da meta de 95% recomendada pela OMS. Autoridades de saúde esperam que a substituição da vacina e a ampliação das campanhas educativas incentivem mais pais a vacinarem seus filhos, reforçando a proteção coletiva contra a doença.
A transição para a vacina injetável marca um novo capítulo na política de imunização do Brasil e reforça a luta contínua pela erradicação completa da poliomielite. Com o fim da “gotinha”, o Ministério da Saúde pretende fortalecer as campanhas de conscientização e ampliar o alcance das ações de vacinação para atingir todas as crianças, incluindo aquelas em áreas remotas ou de difícil acesso.
A erradicação da poliomielite é considerada um dos maiores sucessos da saúde pública global, mas a luta para garantir que a doença permaneça no passado ainda exige esforços contínuos. A vacinação é o pilar central dessa estratégia, e a substituição pela VIP é um passo importante para proteger as próximas gerações de brasileiros.
Para José Ribeiro, coordenador de imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a mudança reflete a importância de se adaptar a novos desafios e de adotar estratégias de proteção mais seguras: “Essa transição mostra que a saúde pública está em constante evolução, buscando sempre a segurança e o bem-estar da população. Esperamos que outros países que ainda utilizam a vacina oral também façam essa migração, tornando o mundo um lugar cada vez mais seguro”.
A substituição da vacina contra a poliomielite é um lembrete importante sobre a relevância da imunização e o papel de cada família na manutenção da saúde coletiva. As autoridades de saúde destacam que, apesar de a pólio estar controlada no Brasil, a vacinação é a única forma de garantir que o país permaneça livre da doença.
Com a nova vacina, o compromisso das famílias em seguir o calendário vacinal será ainda mais crucial. O Ministério da Saúde reforça que a adesão das famílias é fundamental para que as crianças continuem protegidas, e a transição para a vacina injetável é um passo necessário para alcançar esse objetivo.
O Ministério da Saúde prevê uma campanha de conscientização ao longo de 2025 para informar sobre os benefícios da VIP e a importância de manter a imunização em dia. A expectativa é que, com a adesão das famílias e o apoio das UBSs, o Brasil mantenha sua trajetória de controle da pólio, garantindo que a doença continue fora do território nacional.
A mudança para a vacina injetável é mais do que uma questão técnica; é uma nova fase na luta contra a poliomielite, que reafirma o compromisso do Brasil com a erradicação de uma doença devastadora e com a segurança da população infantil.
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