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MÁFIA DAS CANTINAS: MP DEFLAGRA OPERAÇÃO CONTRA ESQUEMA DE CORRUPÇÃO EM PRESÍDIOS NO RIO DE JANEIRO

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou nesta semana uma operação de combate à chamada “máfia das cantinas” que atua em presídios do estado. A operação teve como alvo um esquema de corrupção envolvendo contratos para a gestão de cantinas nas unidades prisionais, onde empresas e servidores públicos estariam lucrando ilegalmente em cima da venda de produtos e da exploração de serviços essenciais aos detentos.

De acordo com o MPRJ, a “máfia das cantinas” envolve empresas privadas e servidores públicos que, juntos, criaram um sistema de monopólio e manipulação de preços dentro dos presídios. A operação apurou que os detentos e suas famílias são os mais prejudicados, pois são forçados a pagar valores elevados por itens básicos, como alimentos, produtos de higiene e até medicamentos, fornecidos exclusivamente pelas cantinas controladas por essas empresas.

A investigação revelou que as empresas envolvidas pagavam propina a funcionários do sistema prisional para garantir contratos exclusivos ou facilitar a entrada de produtos sem a devida fiscalização. Esse esquema de monopólio não só violava as regras de livre concorrência, como também gerava uma rede de influências e vantagens ilícitas entre os envolvidos, que acumulavam lucros exorbitantes por meio de preços superfaturados.

Durante a operação, agentes do MPRJ, com apoio da Polícia Civil, cumpriram diversos mandados de busca e apreensão nas residências de suspeitos, sedes de empresas e escritórios de funcionários públicos. Foram apreendidos documentos, computadores e outras evidências que comprovam a atuação da máfia das cantinas.

Entre os alvos da operação estão empresários do ramo de alimentação e servidores de alto escalão no sistema penitenciário estadual. As autoridades investigam se há mais funcionários envolvidos e se o esquema se estende para além dos presídios inicialmente investigados.

As cantinas dos presídios são a única fonte de compra de produtos essenciais para os presos. Itens como biscoitos, café, sabonete, pasta de dente e papel higiênico são vendidos a preços que, em muitos casos, chegam a ser cinco vezes superiores aos valores praticados fora das unidades prisionais. Essa prática abusiva faz com que familiares dos presos precisem desembolsar quantias altíssimas para que seus entes possam ter acesso a produtos básicos.

Além do prejuízo financeiro, o esquema da máfia das cantinas também causa danos à saúde e ao bem-estar dos detentos. Em alguns casos, os produtos fornecidos são de baixa qualidade, aumentando o risco de problemas de saúde dentro das unidades prisionais. Essa exploração impõe um ônus financeiro e psicológico às famílias dos presos, que já enfrentam dificuldades devido ao encarceramento de seus familiares.

O Ministério Público do Rio de Janeiro declarou que a operação faz parte de uma série de ações para coibir a corrupção no sistema penitenciário do estado. “É inaceitável que um sistema criado para prover produtos básicos para detentos seja transformado em uma fonte de enriquecimento ilícito para alguns. Estamos determinados a desmantelar essa rede e garantir que as cantinas sirvam verdadeiramente à função para a qual foram criadas”, afirmou um dos promotores responsáveis pela investigação.

O secretário de Administração Penitenciária também se posicionou sobre o caso, afirmando que medidas internas serão tomadas para averiguar e suspender todos os contratos suspeitos, além de promover mudanças na regulamentação de contratos de cantinas nas unidades prisionais.

A operação trouxe à tona a urgência de uma fiscalização mais rigorosa nos contratos de concessão para cantinas em presídios, e especialistas em segurança pública e direitos humanos pedem transparência e regulamentação mais rígida para evitar novos esquemas de corrupção. Organizações de direitos humanos também pressionam por mudanças na administração das cantinas para garantir que os presos não sejam mais vítimas de exploração.

O MPRJ continuará acompanhando o andamento das investigações e pretende ampliar a operação para outras unidades prisionais do estado, com o intuito de erradicar qualquer forma de corrupção que explore a vulnerabilidade dos detentos. Novos depoimentos serão colhidos e provas adicionais estão sendo analisadas para determinar o total envolvimento dos suspeitos e a extensão dos danos causados pelo esquema.

Essa operação revela uma faceta sombria da administração prisional, onde o interesse financeiro de poucos sobrepõe-se ao direito básico dos detentos de terem acesso a produtos de primeira necessidade a preços justos.

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