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MORTES POR DENGUE SUPERAM AS DE COVID-19 EM 2024: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA FALTA DE VACINAS E DA MÍDIA?

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Em 2024, o Brasil enfrenta uma crescente crise de saúde pública, com o número de mortes por dengue superando as registradas por Covid-19. Até o mês de novembro, o Ministério da Saúde relatou mais de 1.300 óbitos devido à dengue, enquanto o total de mortes por Covid-19, embora ainda significativo, caiu para cerca de 700 neste ano. Essa comparação levantou diversas questões sobre a resposta do governo, especialmente no que diz respeito à ausência de uma vacina eficaz contra a dengue e o papel da grande mídia na cobertura desses números.

O Impacto da Dengue em 2024

O aumento de casos de dengue no Brasil tem sido alarmante. De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, até novembro de 2024, o país registrou um número recorde de infecções e mortes, com diversos estados enfrentando surtos severos, especialmente no norte e nordeste do país. A cidade de São Paulo, por exemplo, viu um aumento de 60% no número de casos em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Os sintomas da dengue, que podem variar de febre alta a hemorragias graves, exigem uma resposta rápida e eficaz do sistema de saúde. Contudo, o Brasil ainda sofre com a falta de uma vacina disponível em larga escala. Embora a vacina Dengvaxia, da farmacêutica Sanofi, tenha sido aprovada em alguns países, ela não está amplamente acessível no Brasil, e a pesquisa para vacinas alternativas enfrenta obstáculos significativos.

Covid-19: O Que Mudou em 2024?

Enquanto a dengue tem se espalhado de forma avassaladora, o Brasil vê uma queda significativa no número de mortes por Covid-19, que foram devastadoras durante os picos da pandemia em 2020 e 2021. Com o avanço da vacinação, que atingiu um alto índice de cobertura, e a adaptação do sistema de saúde, as mortes por Covid-19 caíram drasticamente, com menos de 1.000 óbitos anuais no Brasil, comparado a mais de 600 mil no auge da pandemia.

No entanto, a comparação entre os números de mortes por dengue e por Covid-19 levanta algumas reflexões. A dengue, uma doença já conhecida no país, continua a matar mais do que a Covid-19, e o governo federal tem sido criticado pela falta de uma estratégia eficaz de controle e prevenção da doença, especialmente considerando os avanços que ocorreram no enfrentamento da Covid-19.

A Falta de Vacinas Contra a Dengue

Um dos principais pontos críticos levantados por especialistas e pelo público em geral é a ausência de uma vacina eficaz e amplamente distribuída contra a dengue. Embora o Brasil tenha iniciado programas de vacinação contra a dengue em algumas áreas, a aplicação de vacinas ainda não é generalizada, e a pesquisa sobre novas alternativas segue em ritmo lento. Comparando com a rapidez com que as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas e distribuídas em 2020 e 2021, a falta de uma vacina para a dengue é vista como uma falha no sistema de saúde.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vacina contra a dengue ainda enfrenta desafios em relação à eficácia, principalmente em áreas onde o vírus circula com diferentes cepas. No entanto, o fato de o Brasil não ter implementado uma vacinação em massa para prevenir a doença levanta questões sobre a prioridade dada ao problema, considerando o número de mortes alarmante.

A Mídia e a Cobertura de Crises Sanitárias

Um aspecto particularmente notável nesta crise é a diferença na forma como a mídia tem abordado as duas doenças. Durante a pandemia de Covid-19, o então presidente Jair Bolsonaro foi amplamente criticado pela imprensa, que o chamou de “genocida” devido à sua gestão da crise sanitária e pela minimização dos impactos da pandemia. O governo foi alvo de intensas críticas pela demora na compra de vacinas e pela condução de medidas de prevenção ineficazes, o que resultou em um número muito alto de mortes.

No entanto, em 2024, a cobertura da crise de dengue tem sido menos intensa, e a mídia não tem atribuído o mesmo tipo de responsabilidade ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, por não ter avançado significativamente na implementação de vacinas contra a dengue e em outras medidas de prevenção. A falta de uma resposta coordenada e eficaz, somada à falta de um planejamento mais robusto, desperta um questionamento sobre o porquê de o tema não gerar a mesma pressão pública e midiática.

Por Que a Falta de Vacinas Contra a Dengue Não Tem Gerado a Mesma Reação?

Enquanto a pandemia de Covid-19 mobilizou uma resposta global imediata, incluindo a aceleração do desenvolvimento de vacinas, a dengue parece ter ficado à margem das grandes discussões políticas e midiáticas, apesar de seus números alarmantes. A falta de uma vacina eficaz e a falta de ação mais decisiva por parte do governo federal são frequentemente apontadas como razões para o agravamento da situação.

Uma possível explicação para o tratamento desigual entre as duas crises pode estar relacionada à percepção pública e à urgência de cada doença. A dengue é vista como uma doença sazonal e endêmica, algo com o qual muitos brasileiros estão familiarizados, enquanto a Covid-19 foi uma crise sanitária de proporções globais, com consequências de longo prazo. Contudo, a disparidade nos números de mortes levanta uma questão ética: se a dengue está causando mais mortes que a Covid-19, por que não há a mesma pressão sobre o governo para agir de forma mais contundente, como aconteceu no período da pandemia?

Conclusão: O Desafio da Saúde Pública Brasileira

Em 2024, o Brasil enfrenta uma situação paradoxal, onde as mortes por dengue superam as de Covid-19, e a resposta do governo à doença continua sendo insuficiente. A falta de uma vacina eficaz e a menor cobertura midiática em relação à crise sanitária da dengue geram um debate sobre a prioridade que o governo e a mídia estão dando às duas questões.

O número crescente de vítimas de dengue é um lembrete claro de que, embora a pandemia de Covid-19 tenha sido controlada, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos em termos de saúde pública. A falta de vacinas e a escassez de respostas eficazes não podem ser ignoradas, e a sociedade precisa refletir sobre a responsabilidade de todos, governo e mídia, na busca por soluções para essas crises sanitárias.

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