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DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL CRITICAM CORTES NO ORÇAMENTO E QUESTIONAL PEC DA SEGURANÇA PÚBLICA EM CARTA ABERTA

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A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) lançou uma carta aberta nesta quarta-feira, 13, com críticas contundentes ao governo federal, apontando cortes no orçamento da Polícia Federal (PF) para 2025 e a falta de investimentos estruturais na corporação. Segundo a entidade, as medidas enfraquecem uma das instituições mais importantes para a segurança e a justiça no país.

No documento, a ADPF destacou o impacto negativo dos cortes no orçamento previstos para 2025, afirmando que a redução compromete operações essenciais, a modernização tecnológica e a expansão dos quadros da PF. “A Polícia Federal é responsável por proteger o patrimônio público, combater o crime organizado e defender a soberania nacional. Um corte no orçamento é um ataque direto à segurança da população e ao combate à corrupção,” ressalta um trecho da carta.

A entidade também criticou a falta de reajuste salarial para os policiais federais e as condições de trabalho em delegacias, muitas delas com infraestrutura precária. Segundo a ADPF, a carência de recursos enfraquece investigações complexas, incluindo aquelas contra o tráfico de drogas, corrupção e crimes cibernéticos.

Além do orçamento, a ADPF também fez críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A PEC, segundo o governo, visa reorganizar o sistema de segurança pública no Brasil, ampliando a integração entre as forças policiais e a cooperação entre União, estados e municípios.

Embora reconheça a importância de um debate amplo sobre segurança, a ADPF manifestou preocupação com pontos da PEC que, segundo a associação, podem reduzir a autonomia da Polícia Federal. “A independência da PF é um pilar da democracia e da imparcialidade nas investigações. Qualquer iniciativa que limite essa autonomia representa um retrocesso para o Estado de Direito,” afirma o presidente da ADPF, delegado Sérgio Torquato.

A entidade também defendeu que mudanças estruturais na segurança pública devem ser precedidas de debates amplos com especialistas e representantes das forças de segurança, algo que, segundo a ADPF, não foi garantido na formulação da PEC.

Os cortes orçamentários e as mudanças propostas pela PEC podem ter um impacto direto na eficiência da Polícia Federal, alertam especialistas. A PF é responsável por ações cruciais como o combate ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e corrupção.

“A PF precisa de recursos e autonomia para atuar de forma estratégica. Enfraquecer a corporação é abrir espaço para que organizações criminosas avancem, além de comprometer a confiança da população no sistema de justiça,” explica o analista de segurança pública Ricardo Amaral.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas da ADPF, mas fontes ligadas à pasta afirmam que o governo busca soluções para equilibrar o orçamento sem prejudicar o trabalho das forças de segurança. Sobre a PEC, o ministro Ricardo Lewandowski defendeu que a proposta tem como objetivo melhorar a eficiência e integração das forças policiais, e não limitar a autonomia da Polícia Federal.

A carta da ADPF já gerou repercussão no Congresso Nacional, onde parlamentares da oposição prometem cobrar explicações do governo e apoiar a luta pela preservação da autonomia da PF. O líder do bloco de segurança pública na Câmara, deputado Marcos Valente, afirmou que convocará audiências públicas para discutir os impactos da PEC e dos cortes no orçamento.

A ADPF também planeja intensificar a mobilização, buscando apoio de outras associações e da sociedade civil para pressionar o governo por mais investimentos e garantir a autonomia da corporação.

A carta aberta da ADPF expõe uma crise que pode comprometer a segurança pública e a credibilidade da Polícia Federal. Diante de cortes orçamentários e mudanças estruturais propostas pela PEC da Segurança Pública, a entidade alerta para o risco de enfraquecimento de uma instituição fundamental no combate ao crime e à corrupção.

Com um cenário de tensão crescente entre governo e delegados, o futuro da segurança pública no Brasil dependerá de negociações que equilibrem investimentos, autonomia e eficiência para atender às demandas da sociedade e reforçar a proteção ao Estado de Direito.

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