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DEPUTADA CONQUISTA ASSINATURAS PARA PEC QUE PROPÕE FIM DA ESCALA 6X1: ENTENDA O IMPACTO PARA OS TRABALHADORES

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A deputada federal Luciana Amaral (Partido do Trabalho) anunciou ter reunido assinaturas suficientes para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca eliminar a obrigatoriedade da escala 6×1, atualmente aplicada em muitos setores do mercado de trabalho no Brasil. A medida, que tem gerado intensos debates, propõe uma flexibilização das jornadas de trabalho, permitindo aos empregadores e empregados acordarem novos modelos de folga.

Com a adesão de mais de um terço dos parlamentares, a proposta avança para as etapas formais de discussão e votação na Câmara dos Deputados. A deputada Amaral defende que a mudança é necessária para modernizar as relações trabalhistas, mas a PEC já enfrenta resistência de sindicatos e organizações que consideram a escala 6×1 uma conquista histórica para o trabalhador brasileiro.

Na escala 6×1, o trabalhador atua por seis dias consecutivos e tem direito a uma folga no sétimo dia, um modelo amplamente usado em setores como o comércio, a indústria e os serviços essenciais. A proposta da deputada Luciana Amaral, no entanto, visa permitir a negociação de jornadas e intervalos de folga de forma mais flexível, possibilitando acordos coletivos que substituam a obrigatoriedade do modelo 6×1 por outras combinações, como folgas quinzenais ou escalas diferenciadas.

Para Amaral, a proposta é uma resposta às demandas de setores produtivos que operam com maior flexibilidade e que precisam de modelos de folgas adaptados a cada realidade. “O mercado de trabalho mudou, e é importante que nossa legislação seja capaz de acompanhar essas mudanças. Essa PEC não retira o direito ao descanso, mas permite que ele seja exercido de maneira mais eficiente e adaptada às necessidades tanto do empregador quanto do trabalhador”, declarou a deputada.

A proposta gerou uma onda de críticas de sindicatos e entidades de defesa dos direitos dos trabalhadores, que consideram a escala 6×1 um direito fundamental para garantir condições de trabalho mais dignas e preservar a saúde física e mental dos empregados. Para eles, a flexibilização das folgas pode abrir brechas para jornadas exaustivas e enfraquecer a proteção aos trabalhadores.

A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Fernanda Dias, afirma que a proposta ignora as necessidades dos trabalhadores, que muitas vezes dependem do descanso semanal regular para recuperar-se fisicamente e passar tempo com suas famílias. “A escala 6×1 é uma conquista que garante um mínimo de descanso. Flexibilizar isso é desumano e representa um retrocesso para os direitos trabalhistas”, criticou Dias.

Especialistas em saúde ocupacional alertam que mudanças na escala de folgas, se não bem reguladas, podem impactar negativamente a saúde dos trabalhadores. O modelo 6×1 permite que o empregado tenha uma rotina de trabalho previsível, o que ajuda a evitar o desgaste excessivo. Com a flexibilização, há um risco de que alguns setores adotem práticas que possam levar a exaustão e ao aumento de problemas como estresse, ansiedade e doenças relacionadas ao trabalho.

“A falta de um descanso semanal previsível pode comprometer a recuperação física e mental dos trabalhadores, especialmente em setores com atividades intensas. O cansaço acumulado reduz a produtividade e aumenta o risco de acidentes e doenças ocupacionais”, destaca o médico especialista em saúde do trabalho, Dr. André Nunes.

Apesar das críticas, a PEC conta com o apoio de parte do setor empresarial e de alguns trabalhadores que veem na flexibilização uma oportunidade para ajustar suas jornadas de acordo com preferências individuais ou necessidades sazonais de trabalho. Empregadores argumentam que a mudança permitirá a criação de escalas mais eficientes, alinhando-se a setores como o de tecnologia, que demanda horários de trabalho mais dinâmicos, e o setor de turismo, com alta demanda em períodos específicos.

“A ideia é dar liberdade para que os trabalhadores possam, em acordo com o empregador, decidir uma escala que funcione melhor para ambos. Essa flexibilidade é vantajosa principalmente em setores que operam 24 horas ou em dias não comerciais, como saúde e segurança”, afirma o economista Ricardo Martins, que defende a proposta.

Com o número necessário de assinaturas, a PEC avançará para análise nas comissões da Câmara dos Deputados. A proposta passará por debates nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Trabalho, Administração e Serviço Público, onde parlamentares e especialistas poderão sugerir ajustes ao texto. Caso seja aprovada nas comissões, a PEC seguirá para o plenário, onde precisará do apoio de três quintos dos deputados em duas votações.

A deputada Luciana Amaral se diz otimista com a possibilidade de aprovação, mas reconhece a importância de um amplo diálogo para atender às preocupações dos trabalhadores e dos empregadores. “Sabemos que é uma mudança sensível, mas estamos abertos a ouvir as entidades sindicais e as categorias para que possamos construir uma proposta que traga ganhos reais para a economia e respeite os direitos dos trabalhadores”, declarou Amaral.

A PEC que propõe o fim da obrigatoriedade da escala 6×1 levanta um debate importante sobre o equilíbrio entre a modernização das leis trabalhistas e a preservação dos direitos adquiridos pelos trabalhadores. Enquanto a deputada Luciana Amaral e seus apoiadores defendem a flexibilização como um caminho para adequar o mercado de trabalho às novas realidades, sindicatos e trabalhadores temem que a medida possa abrir espaço para abusos e condições de trabalho exaustivas.

O próximo passo será acompanhar a tramitação da proposta na Câmara, onde o diálogo entre parlamentares, empregadores e trabalhadores será essencial para definir os rumos dessa PEC. Com opiniões divididas e interesses distintos, a decisão promete impactar diretamente as relações de trabalho e os direitos dos trabalhadores no Brasil.

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