DEPUTADOS TÊM ESCALA 3X4? ENTENDA COMO FUNCIONA O MODELO DE TRABALHO DE TRABALHO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Na política brasileira, muito se fala sobre a rotina dos parlamentares, especialmente sobre como funciona o modelo de trabalho na Câmara dos Deputados. Um dos questionamentos mais comuns envolve as escalas de trabalho dos deputados, com destaque para o modelo denominado “3×4”. Mas afinal, como funciona essa escala e qual sua implicação para a produtividade dos representantes do povo?

A escala 3×4, embora não seja um termo técnico oficial, tem sido usada para descrever a rotina de alguns deputados federais, especialmente aqueles que têm uma agenda lotada de compromissos, reuniões e viagens. No modelo 3×4, o parlamentar trabalha três dias na Câmara, cumprindo sua função legislativa, e dedica outros quatro dias da semana ao trabalho de campo, em seus estados, onde fazem visitas a cidades, realizam reuniões com eleitores, líderes locais, empresários e outros stakeholders importantes.

Esse sistema permite que os deputados cumpram suas obrigações legislativas em Brasília, ao mesmo tempo em que mantêm uma presença significativa em suas bases eleitorais. No entanto, o formato tem gerado debates sobre a eficiência e a real carga de trabalho dos parlamentares.

A rotina dos deputados federais pode ser descrita como bastante intensa, com uma combinação de atividades no Congresso e fora dele. No modelo 3×4, os três dias dedicados ao trabalho na Câmara são voltados para votações de projetos de lei, análise de comissões, discussões em plenário e reuniões com outros parlamentares.

No entanto, os quatro dias fora de Brasília são igualmente exigentes. É nesse período que os deputados realizam visitas aos municípios que representam, onde podem conversar diretamente com os cidadãos, ouvir suas demandas, fazer compromissos políticos e até trabalhar em políticas públicas regionais. Além disso, esses dias podem ser dedicados a reuniões com lideranças políticas, empresariais ou movimentos sociais, fundamentais para o engajamento do parlamentar com a realidade de sua base eleitoral.

De fato, a função de deputado não se limita apenas ao trabalho no Congresso, mas também envolve a manutenção de uma relação estreita com os eleitores, o que justifica essa escala mais flexível.

### **Escala 3×4: Críticas e Benefícios**

Embora o modelo de trabalho seja flexível, ele também tem sido alvo de críticas. Muitos questionam se os parlamentares realmente estão cumprindo a carga de trabalho esperada, especialmente considerando os altos salários e benefícios recebidos. Em um país com sérias questões sociais, como o Brasil, o papel de um deputado vai muito além da simples presença nas sessões. Para muitos, a população espera que os parlamentares dediquem mais tempo à análise profunda de projetos e às discussões em Brasília.

Críticos argumentam que a presença do deputado na Câmara deveria ser mais constante, especialmente quando se trata de um país com uma grande carga legislativa e muitas necessidades urgentes a serem debatidas e resolvidas. Eles apontam que, com a agenda de viagens e compromissos externos, os deputados podem acabar se distanciando do processo legislativo, dando mais ênfase ao trabalho político local do que ao cumprimento das responsabilidades na capital.

Por outro lado, defensores da escala 3×4 argumentam que a divisão entre o trabalho no Congresso e as atividades externas ajuda a manter os deputados conectados com a realidade de seus eleitores. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, é fundamental que os representantes do povo compreendam as necessidades específicas de suas regiões e levem essas demandas ao centro do poder.

Enquanto a escala 3×4 parece beneficiar tanto a visibilidade quanto o engajamento dos parlamentares com suas bases, uma das grandes questões que surgem é se esse modelo impacta na eficiência legislativa da Câmara. O Congresso Nacional tem uma agenda legislativa extensa, com diversos projetos e propostas de leis sendo discutidos e votados durante o ano. Se a agenda externa de um deputado ocupa a maior parte de sua semana, fica a dúvida sobre o tempo real dedicado à discussão e votação de temas importantes no âmbito federal.

Para que o modelo seja eficiente, é necessário um equilíbrio entre o trabalho no Congresso e as atividades externas. Alguns deputados adotam uma agenda equilibrada, organizando seus compromissos de modo a garantir presença nas sessões plenárias e, ao mesmo tempo, atender as demandas de suas bases eleitorais. Outros preferem concentrar suas atividades em uma quantidade maior de dias fora de Brasília, delegando parte de seu trabalho legislativo para suas equipes de assessores.

A percepção pública sobre o modelo de trabalho 3×4 dos deputados varia. Para muitos cidadãos, a ideia de um parlamentar trabalhar somente três dias na Câmara pode parecer pouco, considerando os altos salários e os benefícios a que têm direito. Essa percepção é especialmente crítica quando se considera a quantidade de problemas enfrentados por diversas regiões do Brasil, como a falta de infraestrutura, saúde precária e educação de qualidade. A expectativa é de que os deputados estejam mais presentes em Brasília, atuando de forma constante na resolução desses problemas.

Por outro lado, para os eleitores de determinadas regiões, o trabalho do deputado em sua base é fundamental. A presença física do parlamentar em sua cidade ou estado é vista como uma forma de estar mais próximo da realidade das pessoas e de defender interesses locais. Nesse sentido, a escala 3×4 permite que o deputado se dedique tanto à agenda nacional quanto à agenda local, mantendo um vínculo estreito com os cidadãos.

A escala 3×4 adotada por muitos deputados federais é um reflexo da flexibilidade no modelo de trabalho parlamentar no Brasil. Embora ofereça benefícios em termos de conexão com a base eleitoral e a possibilidade de conciliar trabalho legislativo com ações locais, o modelo também levanta questionamentos sobre a real carga de trabalho e a eficiência do processo legislativo.

O desafio está em encontrar o equilíbrio entre a representação local e o compromisso com a legislação federal. O modelo 3×4 pode ser uma solução viável se os deputados conseguirem gerenciar suas agendas de maneira eficaz, garantindo que sua presença na Câmara seja tão impactante quanto sua atuação nas cidades e estados que representam.