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FIM DA ESCALA 6X1 É ‘FALSA POLÊMICA’, AFIRMA RELATOR DA REFORMA TRABALHISTA: ENTENDA O DEBATE

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O fim da escala 6×1, modelo em que o trabalhador trabalha seis dias consecutivos com uma folga semanal, voltou ao centro dos debates na proposta de reforma trabalhista em análise no Congresso. Para o relator da reforma, deputado Arthur Maia (União-BA), a discussão em torno desse ponto tem gerado “falsa polêmica”. Ele defende que as mudanças visam dar maior flexibilidade às relações de trabalho e adaptar a legislação à realidade atual de diversas categorias, sem comprometer direitos trabalhistas.

A escala 6×1 é o modelo tradicional adotado em grande parte das empresas no Brasil, especialmente em setores como o comércio e a indústria. Pela legislação vigente, os trabalhadores têm direito a uma folga após seis dias consecutivos de trabalho. A proposta de alteração na reforma trabalhista, no entanto, busca oferecer opções mais flexíveis para empregadores e empregados, permitindo que as folgas sejam distribuídas de maneira diferente ao longo do mês, de acordo com a demanda de cada setor.

Segundo o relator Arthur Maia, a proposta não extingue o direito ao descanso semanal, mas propõe uma flexibilização na distribuição das folgas para adequá-las a jornadas menos rígidas. Ele argumenta que o modelo 6×1 é uma imposição que não se adapta a todos os tipos de atividade. “O que queremos é modernizar e flexibilizar as relações de trabalho. Essa discussão sobre o fim do 6×1 é uma falsa polêmica. Os direitos dos trabalhadores serão mantidos, mas com uma aplicação mais flexível, que atenda às diferentes realidades do mercado”, afirma Maia.

Os defensores da mudança argumentam que a flexibilização das folgas permite que empresas e empregados adaptem seus horários de trabalho de forma mais eficiente, especialmente em setores como o de tecnologia, saúde e serviços 24 horas. Para eles, essa medida pode aumentar a produtividade e até reduzir custos operacionais, o que beneficiaria a economia como um todo.

Por outro lado, sindicatos e movimentos de defesa dos trabalhadores criticam a proposta, afirmando que ela abre brechas para jornadas exaustivas e compromete a saúde e o bem-estar do trabalhador. A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosana Reis, ressalta que a escala 6×1 é uma conquista histórica dos trabalhadores e que sua alteração pode representar um retrocesso. “Sem o descanso semanal fixo, o trabalhador pode ser submetido a jornadas que não garantem o tempo necessário para descanso e recuperação”, diz Reis.

Estudos apontam que a ausência de uma folga regular pode trazer consequências negativas para a saúde física e mental dos trabalhadores, especialmente em profissões que demandam esforços físicos ou cognitivos intensos. Especialistas em saúde ocupacional alertam que a fadiga e o estresse podem aumentar quando a rotina de descanso é interrompida ou readequada para atender demandas empresariais.

Por outro lado, especialistas em gestão de trabalho defendem que modelos mais flexíveis podem ajudar na conciliação entre vida pessoal e profissional, permitindo que o trabalhador escolha folgas em dias específicos que sejam mais convenientes para ele. “O descanso é essencial, mas a forma como ele é distribuído deve poder acompanhar a realidade de cada setor e profissão, algo que é difícil com a rigidez do 6×1”, afirma Carlos Mota, especialista em relações trabalhistas.

A reforma trabalhista está sendo discutida nas comissões da Câmara e, em breve, deve seguir para votação em plenário. O relator Arthur Maia já sinalizou que está aberto ao diálogo e à inclusão de ajustes para contemplar as preocupações de todas as partes. No entanto, ele reforça que o objetivo da proposta é modernizar as relações de trabalho sem prejuízos para o trabalhador.

A previsão é que a reforma passe por mais algumas rodadas de debates antes de uma votação final, e tanto parlamentares quanto representantes dos trabalhadores e empregadores têm se manifestado em busca de um consenso. O governo também monitora de perto as discussões, uma vez que a reforma trabalhista é uma das prioridades para impulsionar o crescimento econômico do país.

A discussão sobre o fim da escala 6×1 traz à tona um debate complexo sobre a adaptação das leis trabalhistas às demandas contemporâneas do mercado. Enquanto o relator da reforma trabalhista defende que essa mudança é uma “falsa polêmica”, trabalhadores e sindicatos veem o tema com preocupação, temendo impactos negativos para a saúde e bem-estar dos profissionais. A busca por um equilíbrio que contemple a flexibilidade para empregadores e a segurança para os trabalhadores será crucial nos próximos passos do processo legislativo.

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