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INCERTEZA NA ECONOMIA BRASILEIRA DIMINUI EM OUTUBRO, MAS ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCOS PERSISTENTES

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O nível de incerteza na economia brasileira recuou em outubro, mantendo-se em um patamar considerado moderado, de acordo com o Índice de Incerteza da Economia (IIE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta quinta-feira. A queda no indicador, que diminuiu em cerca de 2,5 pontos, é vista como um reflexo da desaceleração de alguns fatores de instabilidade, como a inflação e o câmbio, além de avanços em negociações sobre a reforma tributária. No entanto, a FGV alerta que o nível de incerteza ainda está acima do ideal, e as perspectivas de crescimento para o próximo ano continuam sujeitas a diversos riscos.

O índice, calculado mensalmente pela FGV, avalia a percepção dos agentes econômicos, como empresas e investidores, sobre o cenário econômico atual e as expectativas para o futuro. De acordo com o levantamento, embora a incerteza tenha recuado pelo segundo mês consecutivo, ela ainda se mantém em níveis moderados, influenciada por questões internas e externas, como a política monetária dos Estados Unidos, o desempenho da economia chinesa e a possibilidade de novos reajustes nos preços dos combustíveis.

Segundo a FGV, a redução na incerteza econômica de outubro foi impulsionada pela melhora nas expectativas de inflação, após meses de alta persistente nos preços. Além disso, a leve queda nas taxas de juros promovida pelo Banco Central ajudou a suavizar o ambiente financeiro, beneficiando empresas que buscam crédito e estimulando um consumo ligeiramente maior.

“A inflação mostra sinais de desaceleração, e os índices de preços estão um pouco mais estáveis, o que ajuda a reduzir as incertezas econômicas”, explicou a economista chefe da FGV, Ana Gonçalves. “No entanto, ainda estamos longe de uma situação de estabilidade completa, e o ambiente de negócios no Brasil ainda apresenta desafios consideráveis.”

A aprovação de pautas como a reforma tributária na Câmara dos Deputados também foi vista como um movimento positivo. A expectativa é que o novo modelo, ao simplificar impostos e diminuir a carga tributária para empresas, ajude a criar um ambiente mais previsível para o crescimento e atraia mais investimentos estrangeiros no médio prazo.

Apesar do recuo, alguns fatores de instabilidade permanecem. A economia global continua a enfrentar uma série de desafios, e as políticas monetárias em países como os Estados Unidos e a Europa impactam diretamente os mercados brasileiros. A possibilidade de novos aumentos nas taxas de juros pelos bancos centrais estrangeiros preocupa o mercado financeiro nacional, que teme uma desaceleração do fluxo de capital estrangeiro para o Brasil e uma pressão no câmbio, o que pode aumentar o custo de importações e pressionar a inflação.

Outro ponto de atenção é a situação econômica da China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. A desaceleração da economia chinesa e a crise no setor imobiliário do país têm trazido receios sobre uma menor demanda por commodities brasileiras, como minério de ferro e soja. Para o economista Marcos Pires, o Brasil deve observar com cautela os desdobramentos internacionais: “A economia chinesa é um motor para as exportações brasileiras, e qualquer desaceleração em seu crescimento pode impactar nossa balança comercial, com efeitos no setor agrícola e na indústria de base”, analisa.

Além disso, a alta do preço dos combustíveis no mercado internacional é outro fator que preocupa. A Petrobras já indicou a possibilidade de novos reajustes nos preços dos combustíveis em função da volatilidade do petróleo. Isso tem impacto direto nos custos de transporte e produção, o que pode pressionar a inflação e comprometer o poder de compra das famílias.

Apesar da redução na incerteza, o cenário para 2024 ainda é marcado por cautela. Especialistas alertam que, para que a economia brasileira possa crescer de maneira consistente, será necessário superar uma série de obstáculos que ainda persistem. As reformas estruturais, como a administrativa, ainda estão em fase de debate, e a carga tributária é um dos fatores que inibem o desenvolvimento de novas empresas e a expansão de investimentos.

Para o setor privado, a estabilidade na política monetária e a continuidade da redução dos juros são essenciais para estimular o consumo e o crédito. Contudo, o Banco Central ainda se mostra hesitante em realizar cortes maiores nas taxas de juros, aguardando a estabilização completa da inflação. A recente queda de 0,5% na taxa Selic trouxe alívio ao mercado, mas o nível de juros ainda é considerado alto para o setor produtivo, especialmente para as pequenas e médias empresas.

O governo federal tem adotado uma postura de otimismo cauteloso, ressaltando que a aprovação de reformas estruturais e o controle da inflação são essenciais para que o Brasil atinja um ambiente econômico mais favorável nos próximos anos. Para a FGV, que acompanha o nível de incerteza econômica de perto, a expectativa é que o Brasil continue a apresentar uma leve queda nesse índice nos próximos meses, embora fatores como a inflação e as políticas internacionais sigam influenciando o comportamento dos mercados.

Em uma nota recente, o Ministério da Economia enfatizou o compromisso com a estabilidade econômica e a importância de uma política fiscal responsável, que mantenha o controle sobre os gastos públicos e incentive a atração de novos investimentos. “O governo trabalha para fortalecer a economia e criar condições para uma expansão sustentável. A redução da incerteza é um passo importante, mas há muito trabalho a ser feito para que o Brasil seja um ambiente econômico mais seguro e previsível para todos”, afirmou o ministério.

A queda na incerteza econômica em outubro é um sinal positivo, mas as preocupações com a estabilidade a longo prazo permanecem. Para que o índice da FGV continue a recuar, o Brasil precisa resolver pendências econômicas, reduzir o impacto das oscilações externas e avançar nas reformas estruturais. Empresários e consumidores aguardam por mais clareza e políticas consistentes que impulsionem o crescimento e tragam segurança para os investimentos.

Enquanto o cenário global apresenta desafios, a diminuição da incerteza indica que o país caminha na direção certa. No entanto, será preciso manter uma política econômica equilibrada e dar continuidade aos esforços para tornar o ambiente de negócios no Brasil mais atrativo e previsível. Com a redução dos riscos e uma recuperação moderada, o Brasil espera conquistar uma posição mais estável e próspera na economia global.

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