Após discurso de Trump na ONU, Tarcísio apoia diálogo entre Lula e republicano

Após Donald Trump afirmar na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, que teve uma “química excelente” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciar um ‘encontro’ entre os dois, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a defender que os líderes conversem para resolver o impasse das tarifas americanas sobre produtos brasileiros.

“Não vou comentar porque eu não ouvi o discurso. Eu acho que os dois têm que sentar e conversar mesmo. É o caminho da negociação que vai resolver esse problema de tarifa, que é o que a gente tem defendido há muito tempo”,

declarou o governador nesta terça-feira (23), em Campinas.

A declaração foi dada em coletiva de imprensa, após a cerimônia de entrega de 304 máquinas agrícolas e 20 caminhões-pipa a mais de 250 municípios paulistas, no âmbito do programa Patrulha Rural, que recebeu investimento de R$ 86 milhões.

Pressão sobre Lula

Desde julho, quando Trump anunciou a tarifa de 50% contra produtos brasileiros, Tarcísio vem cobrando uma postura mais ativa do governo federal. O governador chegou a afirmar que Lula colocou “ideologia acima da economia” e que a resposta do Planalto era “cômoda demais”. Para ele, não seria “vergonha ou humilhação” negociar diretamente com o republicano.

Cotado para a disputa presidencial de 2026, Tarcísio foi alvo de críticas logo após o anúncio das medidas. Ao atribuir o tarifaço à conduta de Lula, enfrentou desgaste político e, mais tarde, reposicionou o discurso, defendendo uma negociação baseada em argumentos econômicos.

Ainda assim, entrou na mira de bolsonaristas como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o influenciador Paulo Figueiredo. Ambos condicionaram a reversão das tarifas a uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Acenos ao bolsonarismo

Na tentativa de se reaproximar da base bolsonarista, Tarcísio passou a defender abertamente a anistia em discussão no Congresso e chegou a afirmar que, se eleito presidente, seu primeiro ato seria indultar Bolsonaro. Também aproveitou o 7 de Setembro para criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes em manifestação pró-Bolsonaro.

O discurso de Trump

Na ONU, Trump disse ter se encontrado brevemente com Lula nos bastidores e relatou que ambos acertaram um novo encontro.

“Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Nós concordamos que devemos nos encontrar na próxima semana. Foram cerca de 20 segundos. Conversamos e concordamos em conversar na próxima semana”,

disse o ex-presidente norte-americano.

Ele também elogiou o brasileiro: “Lula parece ser um homem muito agradável”. Segundo Trump, houve “uma química excelente” entre os dois: “Eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto. Mas tivemos, ali, esses 30 segundos. Foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal.”

Justificativas para tarifas

Apesar do tom amistoso, Trump afirmou que o Brasil vinha agindo de “forma injusta” ao impor tarifas aos EUA. Para ele, as medidas de seu governo foram necessárias para defender a soberania e os interesses americanos frente a países que “tiraram vantagens por décadas”.

Segundo o republicano, o Brasil também estaria interferindo “nos direitos e na liberdade de cidadãos americanos e de outros países com censura, repressão e com o uso do sistema judicial como arma”.

Do lado brasileiro, o governo contestou as acusações. O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em carta que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém” e que a taxação de 50% se baseou em uma “compreensão imprecisa dos fatos”.

O Planalto destacou ainda que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávit superior a US$ 400 bilhões na balança comercial com o Brasil, o que, segundo o governo, invalida o argumento americano para a criação de novas barreiras.

Com informações da EPTV Campinas, Agência Estado e Agência Brasil

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