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⚖️ Debate sobre jornada de 30h para enfermeiros em Americana – INCONSTITUCIONAL

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Contexto da decisão judicial

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) decidiu que os profissionais de enfermagem contratados pela Prefeitura de Americana devem retomar a jornada de 40 horas semanais, considerada regra constitucional para o funcionalismo público. A determinação anulou a lei municipal aprovada em 2014 que reduzia a carga horária para 30 horas, sob alegação de inconstitucionalidade.

Constitucionalidade em debate

A Constituição Federal, em seu art. 37, estabelece que a administração pública deve obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A redução da carga horária de servidores municipais sem respaldo em lei federal pode ser entendida como violação ao princípio da isonomia, já que criaria uma diferenciação em relação ao restante da categoria em âmbito nacional.

O art. 39, § 1º da CF prevê que servidores ocupantes de cargos públicos devem ter regime jurídico único e observar normas gerais definidas pela União. Como não há lei federal específica que fixe a jornada de 30 horas para profissionais de enfermagem no serviço público municipal, prevalece o entendimento de que a redução feita por lei local é inconstitucional.

O impacto da Lei do Piso da Enfermagem

A recente Lei Federal nº 14.434/2022, que instituiu o piso salarial nacional da enfermagem, reacendeu o debate sobre condições de trabalho da categoria. Embora a lei não trate da carga horária, muitos sindicatos defendem que a jornada reduzida de 30 horas semanais deve caminhar junto com o piso para garantir qualidade de atendimento e saúde física e mental dos profissionais.

Reflexos em outros municípios

A decisão do TJ-SP contra Americana pode influenciar diretamente outros municípios que também adotaram a jornada de 30 horas, provocando ações judiciais semelhantes. Em contrapartida, a manutenção da medida pela Prefeitura — que já anunciou recurso — pode mobilizar sindicatos em todo o país, fortalecendo paralisações, greves e manifestações em defesa da carga horária reduzida.

O risco de efeito cascata é real: caso outras cidades entendam que a lei municipal não se sustenta juridicamente, milhares de profissionais podem ser obrigados a ampliar sua jornada para 40 horas. Por outro lado, a pressão sindical e a repercussão política podem acelerar a tramitação de um projeto de lei federal definitivo, que estabeleça a jornada de 30 horas para toda a categoria da enfermagem no Brasil.

Mobilização da categoria

O encontro em Americana, que reuniu representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SSPMA), do Coren-SP e profissionais de enfermagem, sinaliza que a luta não se restringirá a uma cidade. O prefeito Chico Sardelli (PL) reforçou que recorrerá da decisão, destacando “a importância da jornada reduzida para o bem-estar dos trabalhadores e a eficiência do serviço público”.

Considerações finais

O caso de Americana vai além de uma disputa judicial local: trata-se de um debate nacional sobre saúde pública, dignidade do trabalho e interpretação constitucional. Enquanto o STF não pacifica a questão, decisões como esta podem provocar insegurança jurídica e intensificar o clima de mobilização da enfermagem em todo o país.


📌 Fontes: Tribunal de Justiça de São Paulo, Constituição Federal, Lei nº 14.434/2022, SSPMA, Coren-SP.

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