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NÚMERO DE PACIENTES QUE PERDERAM A VISÃO APÓS MUTIRÃO DE CATARATA NO RN SOBE PARA 10: FALHAS EM PROCEDIMENTOS GERAM ALERTA EM SAÚDE PÚBLICA

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O número de pacientes que perderam a visão após participarem de um mutirão de catarata no Rio Grande do Norte subiu para 10, gerando grande preocupação entre as autoridades de saúde e familiares das vítimas. As cirurgias, realizadas no final de setembro de 2023 em uma ação de assistência oftalmológica no município de Mossoró, levaram à perda total da visão em um dos olhos dos pacientes, todos idosos. A tragédia está sendo investigada, com suspeitas de falhas nos procedimentos cirúrgicos ou de contaminação durante o pós-operatório.

O caso levanta uma série de questionamentos sobre a segurança e os protocolos em mutirões de saúde, que muitas vezes visam atender a grande demanda reprimida de cirurgias em regiões carentes de atendimento especializado. O ocorrido no Rio Grande do Norte traz à tona a necessidade de uma fiscalização mais rígida e de garantias de que os pacientes não sejam expostos a riscos em ações desse tipo.

O mutirão de catarata, organizado em parceria entre a Secretaria de Saúde e uma clínica contratada, tinha o objetivo de reduzir a fila de espera para cirurgias oftalmológicas na região. Cerca de 60 pacientes foram submetidos ao procedimento de remoção de catarata, que é considerado relativamente simples e seguro. No entanto, poucos dias após as operações, diversos pacientes começaram a relatar complicações graves, como infecções, dores intensas e perda da visão.

Entre os 60 operados, 10 já tiveram a confirmação de perda total da visão em um dos olhos, enquanto outros ainda estão sendo monitorados para avaliar a extensão dos danos. As complicações foram tão severas que, em alguns casos, foi necessário realizar procedimentos adicionais para conter as infecções e prevenir danos maiores. Os relatos dos pacientes e familiares são de extrema angústia, muitos deles esperando há meses pela cirurgia e agora enfrentando uma situação irreversível.

O governo do estado e o Ministério Público estão investigando as causas do incidente. Entre as possíveis explicações estão falhas no protocolo cirúrgico, problemas com os materiais utilizados ou contaminação durante o pós-operatório. As autoridades de saúde suspenderam temporariamente as atividades da clínica responsável pelas cirurgias e estão revisando todos os procedimentos realizados para entender o que pode ter dado errado.

A principal suspeita gira em torno de uma possível contaminação bacteriana, que teria ocorrido durante ou logo após as cirurgias. A bactéria Pseudomonas aeruginosa, frequentemente associada a infecções hospitalares, é uma das hipóteses levantadas pelos médicos envolvidos na investigação. Este tipo de infecção pode ser devastador em cirurgias oftalmológicas, levando rapidamente à perda da visão se não for tratado de forma eficaz.

A clínica envolvida no mutirão afirma que seguiu todos os protocolos de segurança e está cooperando com as investigações. No entanto, a suspensão de suas atividades e a tragédia envolvendo os pacientes geraram grande repercussão e pressão por respostas rápidas e medidas corretivas.

Mutirões de saúde são uma estratégia comum no Brasil para reduzir filas de espera em procedimentos médicos e garantir que populações vulneráveis tenham acesso a tratamentos necessários. No entanto, o caso de Mossoró evidencia os riscos que podem estar associados a esses eventos quando não há controle adequado sobre a qualidade dos serviços prestados.

Especialistas em saúde pública destacam que, embora mutirões possam ser eficazes, eles também podem ser arriscados se não forem seguidos protocolos rigorosos de segurança e higiene, especialmente em áreas que exigem cuidados delicados, como cirurgias oftalmológicas. A sobrecarga de procedimentos em um curto período pode comprometer a qualidade do atendimento e aumentar a probabilidade de erros ou contaminações.

“Os mutirões são importantes para atender à demanda reprimida, mas é necessário que haja uma supervisão rigorosa das condições em que essas cirurgias são feitas. Não podemos permitir que os pacientes sejam expostos a riscos desnecessários”, afirmou a médica oftalmologista Carolina Mendes, especialista em cirurgias de catarata.

Para as vítimas, o mutirão que deveria devolver a visão acabou resultando em uma tragédia pessoal. Em muitos casos, os pacientes são idosos que já lidavam com a limitação da catarata e esperavam a cirurgia como uma forma de melhorar sua qualidade de vida. Agora, enfrentam uma realidade ainda mais difícil, com a perda permanente da visão e as complicações que isso traz para sua vida diária.

Maria das Graças, de 72 anos, uma das pacientes que perdeu a visão em um dos olhos, relatou sua frustração: “Esperei tanto tempo por essa cirurgia, tinha esperança de voltar a enxergar melhor. Agora, perdi completamente a visão de um olho. Não sei como vou me adaptar a essa nova realidade.”

As famílias das vítimas também estão buscando respostas e exigem justiça. Muitos familiares relatam o choque e a revolta com o ocorrido, já que confiavam no procedimento e esperavam que a cirurgia trouxesse uma melhoria significativa para seus entes queridos.

O governo do Rio Grande do Norte afirmou que está oferecendo apoio psicológico e médico às vítimas e às suas famílias. Além disso, o estado promete uma revisão completa dos contratos com clínicas terceirizadas e a implementação de medidas mais rigorosas de controle e fiscalização em futuros mutirões.

O Ministério Público está acompanhando o caso de perto e poderá mover ações judiciais contra a clínica e os responsáveis pelo mutirão, caso sejam comprovadas falhas ou negligências. Além disso, o Conselho Regional de Medicina também se manifestou, afirmando que está investigando o caso e pode aplicar sanções aos profissionais envolvidos.

A tragédia em Mossoró levanta questões importantes sobre a segurança dos mutirões de saúde e o cuidado que deve ser tomado em sua organização. Enquanto as investigações continuam, o caso serve como um alerta para a necessidade de maior controle e fiscalização nesses eventos, para evitar que tragédias como essa se repitam no futuro.

O aumento do número de pacientes que perderam a visão após o mutirão de catarata no Rio Grande do Norte é uma tragédia que expõe falhas no sistema de saúde e alerta para os riscos envolvidos em ações de grande escala quando não há garantias de segurança adequadas. A perda de visão de 10 pacientes destaca a importância de uma fiscalização mais rigorosa e da garantia de que procedimentos delicados, como cirurgias oftalmológicas, sejam conduzidos com os mais altos padrões de cuidado.

As investigações em andamento trarão respostas, mas o impacto dessa tragédia será sentido por muito tempo, especialmente pelas vítimas e suas famílias, que agora enfrentam uma nova realidade de limitações e desafios.

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