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CONFIANÇA DO CONSUMIDOR REGISTRA QUEDA EM OUTUBRO, SINALIZANDO CAUTELA PARA OS PRÓXIMOS MESES, APONTA FGV

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A confiança do consumidor brasileiro apresentou uma ligeira queda de 0,7 ponto em outubro, marcando o segundo mês consecutivo de retração no índice, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) alcançou 87,7 pontos, sinalizando uma preocupação crescente entre as famílias quanto à economia, inflação e emprego nos próximos meses.

A queda no ICC é uma medida que sintetiza o humor e as expectativas do consumidor brasileiro em relação ao seu poder de compra, estabilidade financeira e perspectiva sobre o emprego. O índice é calculado com base em dados coletados junto a famílias de diferentes regiões e faixas de renda, oferecendo uma visão abrangente sobre o comportamento e as expectativas de consumo. A pontuação abaixo de 100 indica pessimismo, o que preocupa economistas, que apontam para uma série de fatores macroeconômicos como principais motivadores dessa queda.

“Estamos observando uma combinação de aumento dos preços de bens e serviços essenciais, como alimentos e energia, além de uma leve piora nas expectativas de trabalho e renda para os próximos meses”, explica Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da pesquisa de confiança do consumidor da FGV. “Esses aspectos impactam diretamente na forma como as famílias organizam suas finanças e sua disposição para consumir.”

O levantamento da FGV revelou que as expectativas de curto prazo estão sendo impactadas pela preocupação com o aumento da inflação e a manutenção de juros elevados, o que afeta diretamente o poder de compra das famílias. Muitos consumidores relataram temer o aumento dos preços e afirmaram que pretendem controlar os gastos nos próximos meses para lidar com um cenário econômico incerto.

O aumento do custo de crédito, por sua vez, também contribuiu para a queda na confiança, uma vez que compromete o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis. Com o cenário de juros altos, as famílias estão repensando investimentos maiores e preferindo manter reservas financeiras ou evitar novas dívidas.

Os dados da FGV mostram que a percepção dos consumidores quanto ao mercado de trabalho teve um impacto significativo no índice de confiança. De acordo com o levantamento, a preocupação com o emprego subiu ligeiramente, e a confiança nas condições de trabalho e geração de renda para o futuro apresentou variação negativa. Esse fator é crucial para o consumo, pois empregos estáveis são fundamentais para que as famílias se sintam seguras em gastar.

“A incerteza quanto ao emprego e à renda faz com que as famílias tendam a reduzir o consumo de bens e serviços, focando mais em produtos essenciais e em gastos com alimentação”, comenta o economista Carlos Reis, da FGV. “Esse movimento afeta diversos setores do comércio e dos serviços, contribuindo para uma desaceleração econômica.”

A queda na confiança do consumidor impacta diretamente setores como o varejo, que depende do consumo das famílias para manter o crescimento, e o mercado imobiliário, que já enfrenta desafios com as altas taxas de juros. Além disso, a queda na confiança pode ter reflexos também na produção industrial e nos serviços, à medida que consumidores se tornam menos dispostos a gastar em setores que dependem de crédito, como o automotivo e o de móveis.

Para o comércio e a indústria, a diminuição do consumo significa a necessidade de reduzir estoques, o que afeta as cadeias produtivas e pode gerar um ciclo de desaceleração econômica. Pequenas e médias empresas, em especial, tendem a ser as mais impactadas, já que contam com um menor volume de reservas financeiras para enfrentar períodos de baixa demanda.

Com a expectativa de que a economia brasileira siga uma trajetória de baixa atividade até o final do ano, muitos consumidores já começaram a readequar seus orçamentos. Dados da pesquisa indicam que as famílias estão priorizando o pagamento de dívidas, investindo em compras básicas e reduzindo o consumo de itens considerados supérfluos.

Além disso, a tendência de busca por promoções e compras em datas como a Black Friday tem se intensificado, à medida que consumidores tentam manter o padrão de consumo em meio a um cenário econômico desafiador.

A queda de 0,7 ponto na confiança do consumidor em outubro representa um alerta para o final do ano, período que geralmente concentra um aumento nas vendas devido às festas de fim de ano. O comércio, que já começa a se preparar para essa temporada, deve adotar estratégias de promoções mais agressivas para atrair consumidores cautelosos.

A FGV também alerta para a importância de políticas públicas que favoreçam o ambiente econômico e a criação de empregos. Para especialistas, medidas como a redução gradual de juros e o controle inflacionário podem ajudar a retomar a confiança do consumidor e estimular a economia.

Com um cenário ainda instável, a confiança do consumidor segue um ritmo de altos e baixos, sendo altamente dependente das políticas econômicas adotadas e das condições de crédito e emprego. Para o consumidor brasileiro, os próximos meses devem manter o mesmo tom de cautela, com foco na administração de finanças e controle de gastos.

Para as empresas, a capacidade de adaptação e inovação no atendimento ao novo perfil de consumo se tornará uma questão crucial para superar os desafios impostos pela atual baixa na confiança do consumidor.

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