Cidades
GRATUIDADE NOS ÔNIBUS EM SUMARÉ: PROJETO PARA PASSAGEM ZERO AGUARDADO COM EXPECTATIVA NA CÂMARA
A Câmara Municipal de Sumaré está em fase decisiva para votar um projeto que pode transformar a mobilidade urbana da cidade: a gratuidade no transporte coletivo para todos os cidadãos. Se aprovado, o projeto permitirá que os moradores de Sumaré utilizem os ônibus municipais sem custos, medida que tem gerado debates acalorados entre os vereadores, especialistas em transporte e a própria população.
A proposta visa garantir o acesso gratuito ao transporte público para trabalhadores, estudantes, idosos e outras faixas da população, buscando aliviar o orçamento familiar e incentivar o uso dos coletivos como alternativa aos carros. Segundo os defensores do projeto, a gratuidade no transporte ajudaria a reduzir o trânsito, a poluição e contribuiria para uma cidade mais sustentável.
A proposta de gratuidade nos ônibus de Sumaré foi apresentada pelo vereador Paulo Oliveira (PSD) e conta com o apoio de parlamentares de diferentes partidos. O projeto prevê que todos os usuários possam utilizar o transporte público sem pagar tarifa, independente da idade ou faixa de renda. Caso a iniciativa seja aprovada, Sumaré se tornará uma das primeiras cidades do estado de São Paulo a implantar a passagem gratuita universal, modelo que já tem precedentes em algumas cidades de médio porte no Brasil, como Maricá, no Rio de Janeiro.
Para o vereador Paulo Oliveira, a iniciativa representa um avanço social e econômico para Sumaré. “A gratuidade no transporte público não é apenas uma questão de transporte, é uma política social que impacta diretamente a vida das pessoas. Muitas famílias gastam uma parte significativa do orçamento com transporte, e essa medida pode mudar isso”, afirmou Oliveira.
A população de Sumaré tem acompanhado o debate com grande interesse. Maria dos Santos, trabalhadora do comércio, acredita que o projeto seria um alívio para seu orçamento mensal. “Gasto cerca de R$ 200 por mês só com ônibus para ir e voltar do trabalho. Se isso for aprovado, seria um dinheiro que eu poderia usar para outras coisas, como alimentação e remédios,” comentou a moradora.
Já entre os estudantes, a aprovação do projeto também é vista com entusiasmo. Para Luana Ribeiro, aluna de uma escola técnica no centro de Sumaré, a gratuidade no transporte público poderia aumentar a frequência de estudantes que dependem do ônibus. “Muitos colegas acabam faltando porque nem sempre conseguem arcar com o valor da passagem. Se o projeto passar, ninguém mais precisará deixar de estudar por falta de dinheiro para o ônibus”, afirmou.
Um dos pontos mais críticos do projeto é o financiamento. A gratuidade no transporte público exige uma fonte de recursos alternativa para cobrir os custos operacionais das empresas de ônibus. A Câmara estuda algumas opções para compensar a ausência de receita tarifária, como o uso de verbas federais destinadas ao transporte, aumento na contribuição de empresas locais, além de uma possível taxa específica para subsidiar a operação dos coletivos.
O secretário municipal de Finanças, Carlos Menezes, declarou que a implementação da gratuidade precisará ser cuidadosamente planejada para não comprometer o orçamento da cidade. “Sabemos dos benefícios sociais que essa medida pode trazer, mas precisamos garantir que a Prefeitura terá condições de sustentar o projeto ao longo dos anos sem impactar outros serviços essenciais. Estamos estudando diferentes fontes de financiamento e buscando parcerias,” explicou Menezes.
Especialistas apontam que um modelo misto de financiamento, com participação das empresas locais e repasses estaduais, poderia viabilizar o projeto sem grandes impactos. Em Maricá, por exemplo, a gratuidade é sustentada por recursos de royalties do petróleo. Em Sumaré, onde esses recursos não estão disponíveis, a solução pode exigir uma combinação de diferentes fontes.
O projeto será votado nesta semana e, até o momento, conta com o apoio de uma parte considerável dos vereadores, que veem a proposta como uma resposta às dificuldades econômicas enfrentadas pela população. No entanto, alguns parlamentares se mostraram cautelosos quanto à viabilidade financeira da medida e ao impacto que ela pode ter no orçamento a longo prazo.
Para o vereador Antônio Lima (MDB), a medida é positiva, mas requer planejamento: “A ideia é excelente e certamente traria um alívio importante para a população, mas precisamos assegurar que temos recursos para isso. Não podemos aprovar um projeto que, no futuro, vá comprometer outros serviços essenciais,” ponderou Lima.
A discussão sobre o transporte gratuito também levanta questões sobre mobilidade e inclusão social em Sumaré. A gratuidade é vista como uma forma de democratizar o acesso aos diferentes pontos da cidade, facilitando o deslocamento dos cidadãos para áreas de emprego, escolas e serviços públicos, e promovendo um modelo de cidade mais acessível e inclusivo.
Para Fernanda Araújo, professora e ativista em mobilidade urbana, o projeto representa um avanço importante no conceito de direito à cidade. “O transporte gratuito é, na prática, a democratização do direito de ir e vir. É uma política que permite que as pessoas circulem pela cidade sem serem impedidas pelo custo da passagem, o que tem impacto direto na qualidade de vida e nas oportunidades para todos,” defendeu a ativista.
Se aprovado pela Câmara, o projeto segue para a sanção do prefeito de Sumaré, que já se manifestou de forma positiva sobre a ideia, mas enfatizou a necessidade de planejamento financeiro. Em caso de aprovação e sanção, a expectativa é que a gratuidade entre em vigor no segundo semestre de 2025, após as adaptações financeiras e administrativas necessárias.
A população de Sumaré, ansiosa pelo resultado da votação, espera que a medida seja aprovada para garantir o direito ao transporte público gratuito. Com a possibilidade de uma cidade mais acessível e inclusiva, moradores e trabalhadores de Sumaré aguardam o próximo passo, torcendo para que a mobilidade urbana se torne uma realidade acessível a todos.
A decisão, vista como histórica, promete transformar Sumaré em um exemplo de cidade que investe na mobilidade e na inclusão social, criando um novo padrão de qualidade de vida para os seus cidadãos.
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